sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Crenças e credos, há o trabalho e o ópio
Sou louca e vou pular, essas cores
aí se balançando pra mim.
Sua nuca é o mundo, eu mato todos
Atroz atriz que jaz em mim atraente como um blues às 03;00h
sou quaquer líquido que se dissolve no seu colo calor
Porque é a palavra o carinho pro teu orgasmo infinio
É da linguagem o encaixe perfeito de todas as soluções.
Ontem eu comi meu último prato de egoísmo.
Quero beber seu amor como um porre de uísque, forte
Voce já conhece onde me ganha,
Do jeito proibido eu te levo pra casa,
onde meus esmaltes contrastam com sua pintura.
Precisei, ampliei o sentimento porque sua eternidade dura um prazer
E minhas intenções oscilam como minha boca em seu corpo
Entre tudos e afins acendemos um desejo mútuo e matamos outras em nós e que morram enquanto vivos forem os DESEJOS.
E porque há poesia ajo em mim letras excitantes e brilhantes de vermelhos e rosas
Eu caiu na calçada breve e brava de sua irritação brochante
Mas enquanto houver desejo haverá esmaltes ...minhas palavras continuam amanhã e meus prazeres também

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Em um estado triste, puramente hormonal, será saudável essa angústia mensal, datada e esperada como compromisso? Vem assim sem porquê e pra quê , uma agonia, vontade de tudo e nada ao mesmo tempo. Hoje só dramas franceses, nada de felicidade americana, quero antes os simbolistas aos modernos, a natureza morta ao surrealismo, quero pregos, agulhas, fogo, fogueira à fogão.

Chocolates amargos. No bar, à noite, somos nós duas.Você na sua frieza preferida, amarga e vermelha, é minha:CAMPARI.

Você na minha boca, cazuza no meu ouvido e o mundo parece perfeito pra mim, meu esmalte preto, tão contrário do rosa chiclete da semana passada, me faz coerente.

E daí? Passa enfim,se durasse eu não durava.Quando passei nem sei mais ou triste, no entanto há tanto pra se dizer, eu não quis sua rotina nem seu cansaço. Minto quando falo de amor , me desculpa , mas amor é clichê demais pra um ser livre porque quem casa quer casa,e eu, como você sabe, um mês aqui outro lá, quem tem casa quer filho e eu não sei ser mãe, eu só sei parir frases feitas pra te conquistar.

Eu só quero seu corpo morno pra dormir comigo, não há promessas de chinelos, cachorro e casa. Café só na padaria pós balada. Eu amo seu jeito lindo de carregar suas pastas de conteúdos densos e clássicos, embora você sem roupa e teorias literárias seja bem mais interessante e persuasivo. Perdoa esse jeitinho safado de te vê, porque eu sei do seu esforço pra parecer sério.

Eu to triste e não há o que possa ser feito. Não se desespere, suas intenções passam e logo outra te leva e dá as promessas que eu não sabia.

Há amor no mundo, nos trens, metrôs e terminais. Pessoas mandando mensagens Pessoanas ou mesmo trechos de música do Victor e Léo, teclando ali no celular enquanto o ônibus não chega e o trem não passa, gente com esfihas e refrigerantes, chocolates e pão de mel, e quem nunca comprou cartões com frases fofas dizendo de um amor eterno? ( impossível, a eternidade é uma brincadeira dos filósofos), no entanto é essa tentativa que é linda, sei lá como dizer, mas todo mundo sabe o que é se pintar pra alguém, o perfume no corpo inteiro que será cheirado, o biscoito preferido, o “mentos de melancia” o chocolate ao leite com café sem açúcar ,é isso que é mais bonito que as obras clásssicas do cinema, o designer do Niemeyer e as telas de Renoir. Porque não há programa melhor do que se isolar do mundo com seu amor chocolates e uísque ou cachaça mesmo, livres do olhar e das roupas do mundo êh felicidade desmedida e fácil extraordinariamente fácil.

Eu não posso mentir minhas crises pra fazer ninguém feliz e seguro. Os psicólogos de botequim que bebam e vomitem suas próprias idéias e projetos, eu prefiro seguir perdida e vulnerável.

Eu já tive amor e sei que ele é um “pacote completo”...mas “o ar me abriu de novo (mas com dor) uma liberdade no peito”.É isso mesmo não tem jeito sempre caiu no colo do Pessoa e adoooro.

Entre tantos, tantas e tantãs eu vou de Frida e friso o vermelho passional como quem sabe matar um amor e ver sangrar até a última gota como gesto necessário de catarse emocional inevitável e densa.

É... eu sei, minha melancolia tá “punk”. Não é fácil ter hormônios contribuindo pra minha pré-disposição melancólica . Enfim essa eternidade melancólica há de passar, já me sinto bem, to quase feliz. Viva a vodka que é rápida e precisa. Não experimentem com moderação.

Ana é segura, decidida e forte. Toma as decisões mais difíceis com uma tranqüilidade invejável.

Ontem Ana foi mais mulher do que de costume, não teve certezas claras, Ontem a moça forte e segura abriu uma janela e viu o Ricardo com o olhar apaixonado e apaixonante de quase sempre. A diferença estava na direção, a imagem muda e imóvel era da felicidade longe dela. Há alguns anos, com a segurança de sempre e sem maturidade nenhuma achou que podia e infeliz e estupidamente pôde. Quebrou a magia dos amassos embaixo da janela, e da luz, aquela luz dos olhos mel cheio de sol do sertão. Ana viveu coisas lindas ; Viagens lúdicas: Amor, tesão, tensão e tudo mais que quis provar e provou, Mas a luz ficou na memória de um dia de sol em que a luz a queimou tanto que cegou a moça de medo, era muito, era tanto que ela quase morre sem saber como dizê-lo.

Ninguém disse que ser feliz era tão fácil e ela não acreditou pensou se tratar de adolescência porque era muito perfeito. Ricardo não precisava de membros nem proximidade pra colocar a moça em estado de nirvana permanente, era seu vício preferido.

Todo mundo queria o tal rapaz , Ana também. Mas Ana o tinha e isso fazia dela uma displicente. LINDO. Os domingos eram: jogo do Bahia, pipocas e beijos longos que a deixavam tonta, sonâmbula em transe, a felicidade não cabia na sala e descia a rua procurando campari com sukita e gelo. Tudo era tão bonito quanto desesperador porque essa beleza quis altar e Ana sempre achou que o altar era só das Santas ela nunca quis se tornar uma delas, com promessas e babados a lhes cobrir .

Ana sempre quis ser nua. Não virar santa lhe custou uma saudade eterna e clara como o sertão.

Ricardo era um Deus, Dionísio lindo e louco.

Ricardo hoje troca fraldas e continua com olhar de luz mais bonito do mundo, filho e esposa lhe fizeram mais concreto e seu olhar de luz os abençoa é deles agora. E Ana sente uma alegria melancólica em ver a luz forte do cara mais bonito que já conheceu ,assim acendendo em outra direção. “Deve ser egoísmo” pensa diante da coisa mais bonita que viu esse ano. Ele segura o filho com força e olha a mulher com carinho, a sortuda parece saber do que tem, diferente de Ana que mesmo hoje ainda não saberia, Ana quer estar pra sempre nua...

Por isso Ana parece com mais frio agora. Em casa em silêncio raro e leve acendeu uma vela aos santos que ela desacredita e ficou mais calma. A vela consumiu alguns minutos antes de consumir-se e o retrato de Ricardo durou alguns dias alfinetando a moça.

Quis saber mais do rapaz. Não soube, foi prudente , foi comum e entregou o retrato ao esquecimento, felicidade era não saber, alegria era colecionar afetos furtivos de noite e meia de duração .

Perdeu a luz do sertão e não teve prêmio. Ontem Ana foi pro “putz putz” e encontrou os olhos verdes mais lindos do mundo, que saiba Ana e saibamos nós.

Todas as noites são lindas e em todas as noites Ana está nua, sem pudor e com saudades eternas da semana passada.Culpa a intenção de eternidade dos gestos que lhe faz parecer passional. Absurdos são Ana.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Parece que tem alguém morrendo dentro de mim, juro, sério. E ecoa nos meus ouvidos gritos de estourar típanos de uma uma histeria contínua . Será que há mais gente em mim pra segurar meu corpo? talvez esse seja o outro que agora escreve e anuncia a U.T.I. do meu outro eu. Ele foi oprimido por uma solidão do tamanho de São Paulo.
Hoje agoniza, já tentei hemodiálise mas falta sangue, falta sangue, falta sangue, falta sangue. O mundo sumiu e ele ficou só, não ficou... Ninguém lhe nega portanto não se afirma, não é firme, cambaleou e caiu no córrego sujo do subúrbio esquecido que são suas ideias .
Havia faca, uma manga cortada e uma camiseta suja de sangue. Débora quis morrer quando quebrou a unha tão rente à carne que até sangrou e ainda sujou sua camiseta nova.
Débora segurava o seu amor na mão, tão frágil ele era. Mas caiu do alto , das tais "arvores altas" e se transformou em trinta e três mil pedaços jogados no saco de lixo da rua rego freitas.
Débora ficou melancólica tirou a calcinha e deu pra um amigo cult e sensível que só queria comê-la, não tiveram nenhuma sintonia se não a institiva selvageria do sexo. ela sua sua lucidez, clara como um mandacaru na seca.
Ultimamente se se interessa pelas excessões porque explicam e repudiam a regra com uma violência factual, irrevogável e intransferível. Débora vai descansar na U.T.I. dentro de mim, há de haver diazepam e prozac ou um chá de canela com torradas, pode morrer em paz que sua vida foi agitada.
Quem será a outra em mim, que não me falte sangue, sangue, sangue, sangue, lágrimas e muito suor, porque não é confortável parir conceitos o tempo todo, nunca há ponto, há sempre uma continuidade, é sempre o sempre que mata porque não permite a cura. A moça poderia viver se essa outra que nasce não a oprimisse com perguntas fundas e verticais de questões sérias e bobas como todas as coisas.
Débora morre e o seu caixão não cabe no espaço do meu peito e por isso ando pesada ultimamente.
O mundo mundo está tão longe de mim que parece mentira. Não ouço mais nada: As buzinas, os alarmes, as vozes, os gemidos dos meus vizinhos à meia noite, os rapazes, as moças falando. todas as bocas não me dizem, não ouço ninguém.
Será que ainda vejo com precisão? começo a compreender que talvez os rostos estejam distorcidos como "o grito grito" ( van Gogh).
Eu não sinto medo, isso me perturba, não sentir medo. Porque essa distancia parece confortável. Há cura pra esse "mal", será um mal?. Eu quero fazer terapia, tô com medo de mim, de "mins", delas...

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Eu morro de amor...


Que coisa mais brega pra se começar um texto . Eu quero mesmo é dizer que amor mata.
Hoje acordei com uma dor no peito que parece amor. Sabe batata quente, que dorme dentro das cinzas de uma fogueira de São João e pela manhã tá quente e mole. Mas dói pra caralho. Ah meu Deus tem cura essa batata quente e mole?, meu coração é uma batata quente e mole.
Eu pretendo amar uma pessoa por fim de semana. Talvez isso me salve da dor . Porque diabos eu pulei? eu sabia melhor e mais intimamente que qualquer pessoa que não tinha "porra nenhuma" lá embaixo, mas fui me achando mais passional que a Frida kahlo e agora não há tela que me salve dessa ressaca de você, do cheiro de coisa verde. Você é tão bobo, idiota e atrapalhado que me sinto estúpida em sentir sua falta...
É essa minha idéia zenhippiepósporranenhuma de sentir a vida, a tartaruga ,as cebolas e as batatas fritas que me deixam assim tonta de saudade da semana passada porque eu memorizo inutilidades como seus traços no meu tato, seu aroma e seu som de sono eterno que me irritava no meu ritmo sem fôlego e sem atropelo,...
Ah merda da lan house vai fechar e eu parar de escrever .q merda.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Todas as mentiras do mundo...




Porque precipitar as coisas verbalizando momentos, antecipando reações?. Nada mais natural e preciso como os gestos. Há coisas inexpressáveis e estragamos tudo na tentativa de dizer bobagem, precipitadamente damos, choramos e tardiamente rimos da imaturidade nossa de cada dia.
Isso de certo tem porquê, tememos perder a hora, tentativa vã, não acertamos.
Confesso errar todo dia, desaprendi meu papel, perdi o script sem antes decorar, desconfio que não aprovaria minha fala.
Falho tanto por preguiça de aplicar teorias ancestrais que ainda funcionam, talvez eternas, não sei. Posso me perder se seguir alguém e ser livre dói em algum lugar.
A pessoa que mais me ensina ultimamente tem menos de 3 três anos. Numa tarde cinza me disse:_É estranho como não tem chuva nem arco-íris, só ventos. Me entende tanto, se tivesse mais uns anos pra tomar uma cerveja comigo e discutir a morte da matéria e a tentativa vã das relações amorosas enquanto carne, arroz , feijão e boletos bancários, instituto do amor pré-datado e sem garantia...Gastaria tempo a falar bobagem.
Ando questionando tudo, não encontro nem uma palavrinha convincente, só as palavras cínicas dizendo seu teatro metafísico.
Uma borboleta virou advogada e promoveu uma reunião urgente pra tratar da crise das cores em 3d que afetam o mercado biológico das tinturas confeccionadas sob encomenda.
Uma delas, num revoar estressado, disse:_sou contra o preço abusivo adotados pelos nossos empresários. E propôs o projeto que sugeria a todas as borboletas usarem o cinza sem graça como forma de protesto. Projeto adotado e aprovado.
A natureza das borboletas agora é cinza, muito tempo depois, ninguém sabe mesmo desse porquê mais tudo que se sabe é que é cinza.
Quando sei quem sou, o que sei afinal? .Dúvida Pessoana. Delícia enlouquecedora das minhas noites mais noites, de dias noites. Meus livros empilhando meus conceitos esquecidos na minha rotina cansativa, cansativa sim senão não seria rotina.
Tão estranho pensar no que seria se assim não fosse. Mãe-mulher, porra louca errante, menina certinha, se menina?. Incrível como cabem todas em mim.
Texto desenredo, vacilante como meus pensamentos em dias de sol, lembrança de coco verde, braços fortes, bermudas e pernas de fora, rio. Cachoeiras e cachos.
O rapaz ri, eu sou rio e quero mais é ser enchente em sua vida. Faço questão e força de derrubar essas árvores bobas que lhe protegem , bobagem vem comigo que te levo, te lavo e te cheiro e vai ser limpo, vem que é mais fácil do que parece.
Quando eu era pequena era grande e tinha fé.
“Não há significado há existência” Essas são as cinco palavras mais lindas de agora ,provemos elas então com café, uísque, água ou o que preferi, mas provemos AMÉM, AMEM.
Quando abri a porta hoje de manhã , como nos últimos anos não havia ninguém lá, e como haveria de ter ? moro só. Me joguei na cama, acordei com uns raios de sol me esquentado o rosto , carícia boa de pós balada. Se não tivesse bebido preservaria ainda o gosto da boca dela na minha, um batom com um gosto cítrico ou teria sido o meu? Não. ontem usei o de morango, meu preferido. Dormir um pouco que mais tarde a rotina volta.
Às 16:30h o Serginho me pega, irritadamente pontual, ele chama meu nome enquanto conversa com a vizinha que acha que ele é um bom rapaz e vive puxando brasa pra sardinha do Serginho.”trabalhador, de boa família e gosta de você, você tem sorte minha filha” ela diz enquanto levamos o lixo até o portão todas às quartas..Eu sorrio e pergunto da última fofoca televisiva, nada é mais interessante para dona Marta do que o último bafafá da novela das oito e assim eu me esquivava de perguntas para as quais não tenho respostas precisas. Ontem antes de combinar com a turma a balada no centro pensei no Serginho. Melhor deixar que descanse, trabalha demais, não deixa de ser verdade, embora uma conveniência para mim é claro.
Mas ontem enquanto bebia uísque com pouco gelo Serginho não existia porque não cabia entre as luzes coloridas, as coreografias gays do Alex e as plumas amarelas e rosas de Claudinha. O blues pensado da última hora de balada fiz os corpos se acalmarem, se atrairem e com o mundo, pois sim o mundo, na quinta dose de uísque você acha que a balada é o mundo, conspirando ao seu favor, a boca só segue seu destino pré destino na outra boca que pode ou não ter batom, o rosto pode ou não ter barba, pode ou não ter blushe. Pois bem não tinha barba tinha batom e daí??!
Essa é a Renata.
Renata com freqüência saia, há dois anos namorava e traia o Serginho e há dois anos ele fingia não saber, encontrou o amor, diferente de Renata que oscilando entre calcinha e calção só descobriu sua bissexualidade que nada disse também porque é fácil e natural .
A moça acredita que o mistério que procura só encontrará no amor. Quando Serginho adverte sobre seu apetite sexual, ela sentencia a sua frase preferida, da sua autora preferida “o sexo é o susto de uma criança o inferno mesmo é o amor”. Depois de sair pra dançar com os amigos dizê-la é o que ela mais gosta de fazer e diz com a propriedade de quem não a conhece.
Comprou esmaltes pretos hoje e pretende experimentar uma balada gótica na semana que vem com o mais novo vizinho do sobrado. Ele parece com seu irmão e houve um interesse fraterno mútuo quando trocaram figurinhas levando o lixo pra fora na quarta feira. A dona Marta mudou-se e Renata ficou feliz por não ter que ouvir fofocas televisivas.
Porque Será que os janeiros nos fazem mais descrentes do que de fato éramos ou é só uma sensação niilista assageira típica da minha idade?.
Ontem foi dia de natal e eu não tinha fé porque havia fome nas ruas e havia gula à mesa, porque havia frio na calçada rica da cidade cinza e enquanto um morria de amor outro se masturbava sem remorso e porque a vida é a profecia de Zaratrusta sem super homem e com o eterno retorno.
Quando os anos findam as promessas surgem, tudo o que de fato não faremos é planejado com uma certeza cega de que não cumpriremos.
Nostalgia boba do que nem tivemos.
O Trianon fica mais iluminado e os casais são fotografados. Ali próximo a estação de metrô Luzia pensa em Carla e não entende o porquê dela ter agido assim de forma tão estúpida, lembra dos segredos ditos e ouvidos nas tardes de segunda-feira, no café da esquina. Milhares de homens na cidade e Carla deu logo pro Bento,” Bento é meu”, pensa enquanto esbarra nas pessoas que vão cegas em direção à estação.
Parou numa farmácia comprou uma barra de chocolate amargo e saiu sem esperar o troco, seu celular toca, é a Carla mais uma vez. Hesita, evita e no último toque não resiste, atende e dispara:_Você é uma vaca, o Bento Carla?!.Desliga ,guarda o chocolate na bolsa. Entra no boteco da esquina e pede vodka. Desliga o celular e oferece olhares de promessa pros homens que a observam. Já sem saber que cédula entregar no caixa resolve ir pra casa e segue pra estação onde decide nunca mais confiar segredos às pessoas.
É sábado e Luzia tem a boca amarga e a cabeça pesada, mais o que mais dói em nela é o buraco no peito.
Há flores na sala e um bilhete dizendo;”Meu amor é seu,eu tava bêbado e ela também,me perdoa amor”.
Luzia liga pra Bento, vão ao shopping, comem um lanche feio e frio,têm uma conversa quente e nervosa e entre flores e pulseiras Bento trás uma aliança e Luzia dá o sim, à noite Motel e no resto da vida cinismo.
Fingem confiar um no outro e a vida parece uma coisa boa porque tem as flores como desculpa e um motel como perdão. Luzia agora compra chocolates com regularidade nas sextas em que o Bento se demora no trabalho e lembra com certo aperto no peito por que não ficou no bar naquela noite e abriu as pernas pros homens que a desejaram. Como a resposta não chega, hesita e todos os dias vai pra estação de onde nunca mais saiu e é feliz, acredita.
Para amenizar a solidão

Assim começa tudo que quer ser falado,que é calado,cálido e forte,não quero objetos,quero gente,dente, sanidade de enlouquecer,poesia que dói,literatura que perturba,comida que engorda,amor que excita,contorce,morde e adormece.
Buscando um apego,dengo,apelo,peles e amor ;sigo armada de amor até os dentes,sorrisos óbvios,e díficeis de explicação,
Dores são inevitáveis,amores são sempre únicos,caros e irremediáveis.
Tudo crescendo todo dia,o velho da esquina morreu,há uma nova música tocando no rádio,eu vou passando na eternidade do tempo
Preciso ir à igreja,ou a um terreiro,um templo agradecer esse tesão intenso que é viver,ter os sentidos espertos pra deixar-se sentir.A vida assim inteira na suas dores na sua arte,acordes soando fazendo carinho em mim,um chope gelado com gosto de beijo e promessas de carinho safado;a alegria de uma entrega inteira;de bandeja pra vida;crua sem acompanhamento,numa sempre presente fé na vida,em um amor,um amigo e quiçá promessas de amanhã, 19-01-2008

Frutas...

Ontem foi dia de feira e as frutas podres ainda estão sujando a calçada, ontem foi dia de sábado e a moça triste assistiu a novela e dormiu imaginando uma transa demorada e selvagem com o rapaz da padaria, mas adormeceu lendo um livro de auto-ajuda que não a ajudou, não tanto quanto o rapaz da padaria teria ajudado.
Ontem falaram no jornal sobre a legalização do aborto e no mesmo instante uma moça gemia com dores, lágrimas e sangue. Aborto acontecendo num banheiro público de uma rodoviária no interior do Acre. Uma senhora gorda e católica dizia de como a legalização do aborto trairia os valores morais dos bons cidadãos brasileiros e enquanto isso sua filha Isabele transava na sua cama com Luís Eduardo, 20 anos mais velho que ela.
Ontem eu terminei de ler o livro preferido do meu ex-amor, fiquei pensando de como eu não me interessava por sua leitura, falávamos do assunto comum do jornal, o aborto era o tema enquanto eu comprava camisinhas na farmácia do bairro. Nos últimos dias pensei em parir e abortei essa idéia por medo. Melhor diminuir as dores da vida e a existência dói. Fazer e parir alguém deve de ser a alegria mais assustadora que se possa ter enquanto mortal findo.
Ontem ela me ligou pra rir de minha dor, eu era vilã da minha estória e quase acreditei que tivesse fim nossa crônica suja de cidade alegre e tintas cítricas e mornas de um passado esquecido como objeto no achados e perdidos de uma rodoviária no interior do norte ao norte.
Fiz um pacto de não amor com todos os corpos que se deitam comigo porque difícil é saber o que é amor quando se tem muito tesão de fato e tão dolorida como uma dor de amor é a saudade de um corpo amigo cúmplice e já conhecido.
Tenho tempo pra admirar o sol quando há sol, ando pensando em decorar poesias eróticas pra apimentar o jantar enquanto troco o café por cachaça, não sei ainda como trocar de amor e penso que isso é o ingrediente que falta pra minha receita render várias porções e é por isso que não há jantar em casa quando chego nunca estou e então só pipocas e café, que se tenha amor. O amor é uma formiga, o amor formiga e formicida. Amor é um prazer involuntário e sexo é o contrário, voluntário.
Separar amor de sexo é uma das coisas mais inteligentes que os homens fazem com mais freqüência do que nós. Não que não façamos, sei, mas pensamos muito pra fazê-lo então essa tensão involuntária atrapalha um pouco.
É prático demais pra ser feminino, somos de assuntos mais densos e sexo é fácil demais pra que nos interessemos em separá-lo do amor, isso não é bom, é nosso e não sei como mudar só sei que não é prático nem útil uni-los dessa forma a ponto de ter uma unicidade ideológica que lemos em romances melosos, eu sei de como está intrínseco em nossas crenças de açúcar, no entanto nem tudo que nos é natural é bom.
Por isso meu pacto tem como meta meter na minha cabeça que amor é uma coisa diferente em física e metafísica de sexo e nem sei de que me servem de fato hoje nem um nem outro, mas para melhor entendimento separá-los primeiro essa é a meta pra matar o mito feminino e entender melhor os meninos em sua praticidade desinteressante e útil.
Por que há partos, porque há sangue e não é pratico ser mistério e não é fácil ter amor e peitos com leite e vida com arroz, feijão , sangue e TPM. Ser mulher é ser tudo ao mesmo tempo e não há mistério maior.
Temos o prazer e a vida entre as pernas, e quem não quer carinho e cuidado? essa tal liberdade feminina de que se fala na T.V.? A única liberdade é de abrir as pernas e se sentir moderninha por ter um direito ancestral, primitivo, animal e comum.”As possibilidades de felicidade são egoístas” já cantou o amado Cazuza. É uma grande mentira esse papo de liberdade porque há a entrelinha do preconceito.
O que é sexo pra quem sabe que pode ter bem mais? porque qualquer um consegue orgasmo sozinho com um pouco de prática. Insisto em dizer que é bobagem porque há mais metafísica na nossa cabeça do que em todos os mantras hindus e também porque precisamos de densidade e teatro , nossa bipolaridade quer ter numa noite uma performance sexual tão perfeita como uma puta experiente e uma vontade de ser mãe tão pura como uma virgem e por isso enlouquecemos os homens e temos razão de certo mas nosso raciocínio é oblíquo e não há pensamento mais reto do que um pensamento masculino .

Frida

Frida


Bons filmes são sempre uma boa opção de programa.Quando o tempo parece invernar e a preguiça se aloja no nosso corpo tão inevitável quanto essa vontade de pipoca e de brigadeiro feito na panela,vê um bom filme é "tudo",na dúvida do que assistir pensei,pouco pois a preguiça já me dominava,por que então não rever?!e assim passei minha tarde fria com a FRIDA,tão pulsante quanto sua arte!Frida era antes de tudo romântica, no sentido mais agudo que a palavra possa trazer, tinha sempre esse sentimento e basta um olhar mais atento, um olhar de domingo de chuva, é a dor, a dor que passeia pelo filme que evidencia o quanto um amor de verdade é inexorável, e desedificante. Amor à arte e antes de tudo amor à vida, esse último só faz sentido com um amor na vida; grande fascínio que o filme exerce paira por essa grandeza de ser livre que FRIDA vive, sofre, sorri e chora; a vontade de vida, fome de sentimento, um banquete cheio de intensidade, acaba-se até acreditando no limite de viver como se fosse "agora" o que é amanhã, viver amanhã todo dia, há algo mais assustador que poder ser "FRIDA" medo e vontade o extremo das coisas, como Raul "faz o que tu queres pois é tudo da lei ",a vida é breve, mas nosso sonho não tem ponteiros, nunca soa, sempre voa no ilimitado; Penso às vezes tem que existir um lugar pra tanta abstração tão necessária à fuga da loucura! livros e quadros são insuficientes, a cidade deveria cobrir-se com tintas falantes, muros cobertos com poesias de um amor a nos falar de uma dor comum, que nunca é igual, é feita de diferença, a alma de FRIDA é ainda mais marcada que sua pele, as cores são o escape de seu amor tão pesado!
Hoje desejei uma gente mais gente, pra escrever em papel que tenha cheiro e aroma, memorizar Drummond em troca de um beijo morno com gosto de promessas.É uma pena que essa loucura de acreditar não ataque a todos, viver com mais vontade, desimportar com o amanhã!
Queria derramar a poesia dos livros na noite fria da cidade, dá palavra a quem tem solidão, fazer nascer imaginação, escrever história pra quem quer esquecer que tem uma ou, sei lá, pra lembrá-lo...
Mas, contudo, todavia, era a FRIDA o foco, bom filme é mesmo assim disperso, desprende de foco, joga a gente num poço de possibilidades de pensares e o que não vale é descartar esses pensares e acabar por não levar nada do filme! só é perdoável essa desatenção se no escuro do cinema, canto do quarto, sofá da sala ou algo assim, esteja fazendo história, amor, vontade...e coisa que não cabe pensares e tanto pensamento chega a exaustão a tentativa de qualquer entendimento,afinal como diz o "Fê "não há significado só existência"então é só ir nessa e existir nos mais diversos lugares...buscar razão é de enlouquecer qualquer criatura sã!Antes de tudo exista inteiro onde quer que vá, fique são, com existência apenas, pelado de razão ou entendimento

Semáforo

Semáforo

A sensação do teu corpo e o peso do seu braço sobre meu peito ainda estão aqui...
Essa noite meu olhar se perdeu sobre teu corpo e enquanto você dormia eu insone e em transe tinha você diante de mim com tanta precisão que até chorei em silêncio.
Respirei o seu aroma, sua boca com cheiro de sorvete de creme, senti o calor do seu corpo morno , o seu sono tão plácido. Eu não dormi todo o resto da noite olhando você em pele, no instante em que olho tenho a estranha certeza de que você é a única coisa que existe e estranhamente o resto do mundo desaparece, é como se nunca tivesse sido. Eu mesmo não existo, me dissolvo na magia de olhar e sou só cenário pra magia de sua existência.
Eu já sei de suas cores claras. Se você soubesse o quanto contemplo você, nem sexo é tão bom quanto olhar você dormir, é meu ritual, é símbolo de minha devoção diante das coisas que sinto. Só assim me emociono sem hesitar diante dessa dor que é você, choro e te abraço enquanto a noite nos cobri.
É fácil ler poesias do Drummond e me achar a pessoa mais feliz do mundo, quando saio na rua não vejo semáforos, só vejo as flores amarelas de um terreno baldio perto de casa e a vida é simples como as tintas no muro, como céu e mar e como não seria se à noite tem seu cheiro, sua força e seu sono pra minha cura do mundo e das teorias falidas e inadequadas? As metas, os medos e os males são palavras o que são palavras diante de você? Ah se as pessoas que cruzam comigo na rua, que trabalho , que conheço, se soubessem de você, e se você soubesse de tudo que sinto, sei que nem sonha e tão pouco percebe meus sentimentos e assim é melhor. Mas o que me invade é a vontade de partilha de toda essa coisa boa que acontece dentro de mim. Penso que isso resolveria todos os problemas do mundo: As crises existenciais, a política de pacificação da Palestina, a sustentabilidade dos países em desenvolvimento e até a cura pra todo o mal do mundo. Mas eu não sei como isso nasce. É um mistério. Dói dentro de mim, eu quase sufoco com tanta coisa. Como pode existir de fato coisa tão difícil de ser dita? Porque entre as poesias mais belas não há a palavra justa pra de fato dizer-te.
O dia é calmo e sem grandes novidades e a noite chega prometendo seu cansaço e seu cheiro de sorvete de creme.
Os pratos na pia, o filme que diz de seu gosto me interessa, assim como me interessa sua página de jornal, seu suco e seu chá. Entro no seu universo como você entra em mim.
Seu chinelo perto do meu e seu jornal em cima da minha revista. Às vezes a gente parece casal, será que já somos casal? Não. é bobagem minha, é magia das sensações e eu não gosto mesmo de definições. Por enquanto eu só quero chorar seu sono como meu ritual sagrado e santo de te olhar, pois enquanto vida tenho as flores que saltam aos semáforos, as luzes que enfeitam mais do que clareiam, e as cores da cidade cinza. Será importante ter palavra, ter hora e data? Não. Prefiro não ter planos, as instituições matam a vontade e a dor de te ter pode se transformar em solidão.
É noite e não tenho você comigo como nas poucas noites que pareceram a eternidade.
Hoje eu não temo a morte porque é como se a vida não fosse vida e haverá nas ruas só semáforo.

A cidade ferve

A cidade ferve


Quando estava hoje pela manhã. Tão incerta como o céu paulistano e o seu cheiro me invadiu o olfato, me sinto tão “instinto” quando isso ocasionalmente me acontece. Não estive hoje pela manhã, viajei um “bucadinho” como de praxe. E não foi saudade o que senti, foi alívio e alegria de ter vivido algo tão místico para alguém tão descrente.
Engraçado. Será isso estar de fato entrar na vida adulta? ter maturidade? Penso que às vezes que é esse colecionar cheiro, tato , lembranças nos bares e cinemas. A cidade inteira contando estórias que inventei com pessoas que hoje podem estar aqui ou na Ásia.
Mil e um cenários disponíveis, roteiros possíveis. Mas observar o caos tem de suas delícias pela força que a imaginação me pede nessas horas ”dai-me luz Senhor do tempo, nesse momento maior...”Cantarolo enquanto o trem não chega, enquanto perco a hora todo dia. Esse eterno estado lúdico em que mergulho todo dia. Ontem um pássaro negro pousou no muro do meu quintal e ficou por ali como se tivesse coisa pra dizer e hoje quando acordei sem roupa, sem memória e sem você, pensei que fosse conto Machadiano, não fosse a verdade da luz do dia me cegando os olhos enquanto a água fervia , a cidade fervia, a cidade fedia.
Ontem me falaram que a solidão não é saudável e que o amor não é tão importante quanto a cotação do dólar no mercado. Sempre me falam do que de certo e de errado eu não quero mesmo ouvir, deve ser alguma política para a estabilidade financeira da especulação imobiliária.
Mas enquanto a água fervia e eu pensava no pássaro eu pensava também no tempo que faz conosco o mesmo que o fogo faz com meu futuro café. Tão óbvio tão tempo. É bobagem pensar nisso enquanto o ônibus passa, e o trem parti enfim.
Assim enquanto o curso natural das coisas acontece, você acontece em meu quarto, sala e cozinha, e eu mais uma vez deixo o trem, o ônibus e a cidade que ferve porque o pássaro quis me dizer de você e eu ouvi meu bem, porque há cenário, há roteiro e temos corpo enquanto almas perdidas porque bússolas são ilusão e teorias são as coisas que estão lá fora na cidade que ferve. Ainda com fôlego pra novamente ter memória de cores, de cara e de graça, com graça pra nossa estória que pode ser azul como a chuva pesada que promete cair na cidade.
Hoje será a surpresa que confunde os sentidos, estive no seu corpo, estive em seus sentidos. Suas cores são claras e plásticas.
Hoje também teremos o mundo como inimigo, a família como campo minado e aos amigos como aliados, porque lá fora o mundo ferve contra nós e teremos presente, porque o que se tem é sempre presente. Temos pássaros mensageiros, um quintal e temos café. Temos sobretudo e sobre todos corpo enquanto almas perdidas. Perdidas.
Mas ontem tínhamos só lembranças. Hoje nos temos, não tememos. Temos a água que ferve amém.

sábado, 9 de outubro de 2010

Um papel em branco, minha cabeça fica com inveja dessa imagem porque minha mente astá tão suja de idéias, tenho uma idéia por minuto e estrago as imagens , um sábio autor já disse que algumas palavras empobrecem as imagens. O sexo pode parir palavras mas dizê-las tira um pouco do ato que só quer aconchego e resposta porque sexo é o diálogo mais fácil entre um homem e uma mulher. Para outros pares isso não vale.
Quando um momento com aroma e textura e cor encanta de fato, melhor deixar sem verbos imprecisos.
Um soluço adolescente de um amor impossível diz mais em dor e desespero que Lord Byron em poesia. Diante da excitação de uma noite de sexta com balada bebida e amor não há frase de auto-ajuda que alcance o que se sente.
Uma flor pode trazer alegria a um coração feminino como sexo fácil leva ao coração masculino, mas há uma coisa que ambos conhecem que não há ato simbolista e sexual que pague: "liga" "química" é quando você olha pra alguém que em estado são você nem apareceria em público no entanto incoerentemente você não vê a hora de tirar toda a sua roupa e lhe falar coisas que nunca diria ao rapaz bom moço que lhe mandava flores e falava de cinema francês enquanto não reparava nas suas intenções de esmalte vermelho e saia sem calcinha porque se ele reparasse a crítica ao roteiro francês não estragaria uma noite bem latina com tequila, frutas e sem frases, cabem interjeições que são relativas e bem vindas.
Freud quer resolver tudo na cama mas o pensamento feminino é oblíquo tanto quanto os olhos de Capitu consultem Machado numa sessão espírita, que aliás tá na moda.
Gostaria de uma sessão com Clarice confessaria que tomei um porre por ela e interrogaria o Fernando Pessooa: Há paz enfim na morte? ou o martírio continua?.
Enquanto bebo minhas questões existenciais alguém morre, alguém goza, alguém aborta, alguém fecunda. Ah o moundo é caoticamente lindo, e há mistério entre pernas sangue e dor há vida sendo feita porque a ordem natural das coisas é a anarquia o sistema natural do mundo.
Há arte na galeria, não tão densa como as flores sujas da poluição e as capivaras sujas do tietê porque há mais gente aqui fora do que nas galerias repletas de símbolos, signos. Aqui fora as imagens tão grávidas e eu quero assistir ao parto de cada palavra como a palavra limpa e virgem de sentido que vai nascer eu sinto o mundo grávido de um novo conceito que há de querer palavra mais gente, mais justa.
Não vamos esterelizar esses partos pois a palavra orgânica é mais bonita e humana como já deixamos de ser com tana palavra usada velha e sem asilo.amém.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ontem um anjo desceu em forma de borboleta azul com tracinhos amarelos e quis me dizer alguma coisa, mas só pousou numa flor feia num canteiro perto da estação de metrô onde eu parei pra vê-la. Eu tão confusa nos últimos dias tão distante das coisas que me cercam quis um instante com a flor feia e a borboleta colorida o que será que tem nas cores, no existencialismo pulsante e óbvio da vida enquanto; flor, carne, unha, osso e sangue? Os símbolos são nosso inferno metafísico e neurótico? ou é a necessidade da arte vigiar nossa pseudo-sanidade enquanto cria escrava das nossas inquietações?. Sempre tive atração por interrogações e exceções, mas a rotina tende a domesticar meus instintos, viva a borboleta que me salvou num dia de caos enquanto a cotação do dólar preucupava nossos economistas e uma senhora numa cozinha qualquer corta cebolas sem interrogações.
Um cachorro vestido de rosa com uma coleirinha lilás diverte uma mocinha em frente a estação de metrô, ele já não corre por instinto, só pega a bola ao comando de sua dona. Eu morro de medo que a rotina me enfeite com uma coleirinha lilás.
A borboleta é mutante na sua vida de 36 horas. Ela me que há lugar onde o amor não se chama amor e que o instinto ainda é a ordem natural das coisas, e onde há liberdade de ser sem parecer coisa comum, onde a política é a anarquia, mas ela morreu antes de me dizer onde fica tudo isso.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Chorou diante dela. Fez tudo que os livros de auto ajuda não recomendam. Não foi forte, E fez questão de dizê-lo. Quis fazer alarde de sua dor. Disse de como ninguém nunca a amaria assim e que ninguém saberia cuidá-la em suas crises existências. Desceu a rua chorando entre as pessoas. Esperando o ônibus uma velhinha lhe pergunta se pode ajudar. "Não minha senhora, hoje eu morri"diz enquanto soluça feito criança, um jovem da sua idade não segura sua risada e solta uma gargalhada . Se irrita pega o primeiro ônibus que passa e tragicamente, como numa novela mexicana, desce no parque onde pela primeira vez se deu conta dela.
Fazia um dia de frio e chuva e ela ali, lendo um dos mais lidos. Ele olhou com preconceito para sua leitura e com interesse pela moça, boca e bunda eram mais importante e assim conversaram sobre todas as coisas do mundo: chuva, chinelos, cheiros e chifres.
Chorou, o Tietê certamente transbordou nesse dia. Pensava em como tudo isso pôde machucá-lo. Era só tesão no começo, pensava, quase sempre quando pensava nela havia uma cama no mesmo cenário. Lembrou de todas as noites não dormidas e não conseguiu lembrar quando aquilo se transformou nisso que agora soluça e não passa. Nenhuma conclusão.
Teriam sido aqueles poeminhas que dividiram a cama com eles ou a mania dela de perfumar os lençóis antes de se unirem em sexo? ou mesmo aquela idéia idiota de domingos em parques ou mesmo de brincar de índio e passar dia inteiro pelados? resignava-se em interrogações.
Deitou na grama e ali perto um casal quase transava de tanto amasso. Chorou mais ainda o rapaz. Tenta agora procurar razões para não chorar. Ela era um tanto careta, sempre com suas crises, não gostava do meu cachorro e não entendia nada de política, era difícil levar o papo adiante. E no sexo...niguém faz sexo oral como ela, e chora novamente até dormir na grama molhada.
Já é dia, e o rapaz é acordado pelo clarão das 5:30hs. Quem o visse, molhado jogado e de olhos vermelhos diria se tratar de um usuário de drogas e quem soubesse dele teria plena certeza. Uma droga.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Natasha era assim...

Acordou sem saber onde e com quem, nada diferente da última semana, mês. Ano todo assim. Amava todos os meninos que lhe dissessem sim.
Seu corpo em êxtase.Sexo era mais do que importante para a moça, era a única coisa que lhe ligava a outra pessoa. Isso pode soar triste, mas não era .Havia uma felicidade primata em abrir as pernas sem pensar muito, era uma felicidade fácil e diminuia sua tensão diante do mundo.
Domingo, frio.Depois de quatro massos de cigarro e muita café expresso na padaria da esquina Natasha chora, volta pra casa.
Ri da sua angústia, lágrimas e cigarros e a noite chega. A moça sofre ainda. Não entende porque não segue em frente.
Não é simples ter um buraco no peito. O corpo segue feliz em tensão,contração,tesão. E a moça só precisa de um domingo frio pra perceber a solidão. Haja cigarro, haja cama, haja corpo pra que se revolte a alma em busca , Se o desespero de Natasha cessasse ,o soluço aos poucos parava e percebia que já tem o que de fato talvez nem mereça.
Olhos ternos,lindos, contemplativos fitam a moça. É uma cena bonita: olhar morno de afeto, mãos seguras, fortes , uma vontade de eternidade tudo flui do olhar dele, ela é só tesão e pressa, nem percebe. Transam, transam e transam. Se despedem, ela com pressa, ele com pesar. Trocam telefones, ele feliz, ela descrente.
No ônibus, de volta pra sua casa, ela se arrepende."Fiz novamente, quando vou dar meu telefone certo?!tentar" pensa.
A vida às vezes assusta tanto que o refúgio é uma dor já conhecida, chorada.
O medo evita a dor, mas penso que na maioria das vezes evita uma alegria possível.
Hoje Natasha continua abrindo as pernas sem pensar muito, frequenta uma psicóloga e acredita estar apaixonada por ela . A psicóloga, hétero,casada e mãe, ignora esse fato.
Natasha criou mais uma ilusão para chorar em domigos frios e novamente:Haja cigarro, haja cama, haja corpo pra que se revolte a alma em busca.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A estética da chuva

Difícil em dia de chuva perceber a chuva de fato. Há o transito, o calor, a fome e a angústia da espera por descanso enfim. Mas se há um istante de calma há o som da chuva, o cheiro e uma energia pra apaziguar o cansaço.
Através da janela do ônibus, parado há mais de vinte minutos no mesmo farol, vejo um rapaz que segue rápido em direção à faixa de pedestres, parece bravo, semblante fechado, uma moça corre parece segui-lo, ela segura sua mão, o faz parar, olham-se com raiva, carinho, tesão. O olhar dura poucos segundos. Beijam-se sob os pingos e raios da cidade. Imprevisível.
Catarse. O que se quer em dia de chuva? água quente, sopa. Não. Pingos gelados caindo no corpo quente exaustos da rotina fazem bem. Por isso saí do ônibus, embora antes do ponto da minha casa. A chuva em mim alegrou o fim de um dia pesado.
Um pão de mel e uma xícara de café amargo enquanto leio uma poesia, fico assim em estado comtemplativo. É bom. Minha liberdade dói em algum lugar e fico assim a comtemplar as coisas: Formigas, luar, chuva, a memória de meu travesseiro.
Tento me perceber em meus perfumes, músicas, meias e esmaltes. Chego a conclusão nenhuma mas vale o exercício da comtemplação.Cuido de mim quando consigo traçar uma coerencia entre minhas ações e reações nesse chato emaranhado social. Gosto mesmo é de ficar percebendo o gosto que tem tudo: A manga, a língua, o lábio, o álcool.
Já tive muitos sonhos e já borrei muito meu lápis preto. Hoje penso "é bobagem" no entanto todos que dizem "é bobagem" sabem que foram bobagens doloridas; Enfim, nenhum sonho é tão bom quanto a realidade que se tem, pois ela se tem ainda. As coisas são estranhamente boas, incrivelmente há gosto em tudo. Sabor de páginas, cheiro de pele despida, o mormaço nos olhos líquidos de um desejo comum.
A comunhão, há comunhão.
É assim que percebo a estética da chuva, uma sutileza óbvia mas nem sempre fácil, pois carece de comtemplação.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

"desmancho, avanço no instinto cego do seu corpo, desfaleço na minha vontade
Desperto novamente pra morrer em voce com a naturalidade dos bichos
Pré-existo em voce"

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

TODAS AS MENTIRAS DO MUNDO

Amar é o verbo mais sujo do mundo,carregado de mentiras encestrais,agora sofisticado através dos comerciais de T.V. ,que não vendem produtos vendem amor que pode ser parcelado em várias vezes no cartão ou boleto bancário.
Amar é o primeiro verbo que nos vem à cabeça quando a gente sua,a barriga gela,a perna treme,no entanto só usamos verbo porque ninguém tem o despudor de dizer:_Porra.
tô morrendo de tesão por voce.Principalmente se esse alguém pra quem voce vai verbalizar seu sentimento ou sensação é um rapaz que ouve música sertaneja,preza a família e acha que voce é virgem,ou se a moça é uma burguesa católica que vê filme americano e para a qual o verbo transar só se conjuga após o verbo sujo amar.
Por tudo isso ando pensando no abandono do verbo amar como alternativa eficiente para a melhoria das relações humanas.
Não tendo mais esse verbo mascarando nossas vontades faríamos melhor uso dos sentidos resgatando verbos como:morder,puxar,arranhar e outros bem mais depravados,no entanto precisos e urgentes e que não causam insônia em ninguém,como fazia antes aquele verbo safado o qual abandonamos.Pense na improvável cena de alguém à noite pensando em voz alta:
_Me morder,Ah ele disse isso.Ou então.
_Meu Deus ela quer me arranhar.
Improvável,praticamente impossível já o verbo sujo sim,insônia,dor de barriga,e nos tempos ultraromanticos até suicídio.Quantas vidas perdidas por privilegiar a idéia e abandonar os sentidos.
Hoje decreto o abandono oficial do verbo AMAR.Sugiro que com os sentidos abertos,atentos e espertos para as energias e insinuações e provocações que o outro cause possanos então criar verbos que alcancem o novo,o intocado que espera.Mas isso só será feito se de fato houver o feto da interseção entre seus sentidos e o que está além,isto é,é quando o que voce sentir não encontrar um verbo que se conjugue fisicamente,então voce será tentado,sua boca irá salivar o gosto velho do verbo abandonado,voce vai sentir um cheiro de amora e coincidentemente vai escutar Marisa Monte que toca num celular qualquer de alguém que passa na rua.
É preciso força e mais memória.Engula esse verbo velho,ele nasceu sujo,esse burguês infeliz,suicida e angustiado que virou senha pra fazer sexo sem culpa.Resgate o espírito anárquico que há em voce,esse verbo é símbolo de consenso,bom senso,ideologia,publicidade barata para vender perfumes,bombons e flores.Seja forte,ficará pálido,buchechas vermelhas,é duro passar por isso,voce esquece os outros verbos e só saliva gosto amargo de verbo velho,então seu lado anárquicosubversivo vai te dominando,voce engole o verbo burguês e continua com os sentidos espertos e escapa de martírios eternos e então parabéns à voce e viva às novas medidas gramaticais,amém.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

T.P.êmica(porque é involuntário)10/2008há data,a data
Eu joguei fora aqueles cartões bregas com que voce me presenteava em datas tão previsíveis quanto voce.
Eu não fico mais com triste e com tesão quando sinto o cheiro de capim limão na fila do terminal,e não penso em vc quando vejo alguém tomar chá mate gelado,nem quando as pessoas mascam jujubas no cinema,POIS AS PESSOAS COMEM PIPOCA.
.Esqueci completamente seu jeito violento de me amar,me morder.
O Almodóvar não é seu e eu continuo acompanhando seus lançamentos e agora é bem melhor que antes,pois eu vejo o filme inteiro e atento até para trilha sonora e a fotografia,coisa antes impossível com a sua mão dentro da minha blusa e sua boca na minha orelha.Suas música pop não faz mais sentido e não cabe mais,hoje prefiro ANDRÉIA DIAS me dizendo de libido e diazepam.Fico pensando na poderosa magia que me fez assistir,"Jogos Mortais",falar de dinheiro e ver BBB no Horário do "Café Filosófico".Ver filme de exorcismo,isso o ápice.
Aprendi a fazer pudim e decorei poesias,nadei contra corrente.
Agora com o coração leve e limpo tenho muita vontade e espero que a magia aconteça,pois estou tão individualista que ando fazendo tudo que quero:invento amantes,paixões,estórias,aprendo receitas,truques,conheço uma pessoa por dia,um amante por mês,um país em cada um,eu: hesito,exilo,exílio.Como se a vida fosse.
Minha caixa de livros me apontou Nietzsche como conselheiro.Queria um superhomem para parir filhos seus,cobrir a terra de super poderes,queria dá para um poeta e cozinhar para um hippie artesão,desses que fazem pulseirinha na Praça da República e assistem todo dia aquele mosaico de gente que circula pelo centro velho.
Andei pensando em pintar o cabelo de ruívo,tatuar uma flor de lótus nas costas e usar saia e meia três quartos sem calcinha no cinema do bairro.
Corto pimentões,tomates e cebolas e choro enquanto a faca corta meu indicador,só depois de alguns soluços percebo que me feri,olhos vermelhos,um frio do cão e já são quase 05:00h,não deveria cozinhar assim pelada.
Lavo o rosto e volto pra cama,ele me espera e a nossa janta tá quase pronta.demorei cozinhando e fumando.

Todas as mentiras do mundo parte 2

Tudo já foi escrito?.Uma idéia crescendo,há de vingar,há de nascer.Que sangre,dor é todo dia.
Criar conversas entre uma havaina rosa e um cigarro aceso com um isqueiro que caiu de um bolso furado de um coreano excitado que transava com minha vizinha maranhense.Enredar estórias,fazer tarrafa.pegar peixe,peixe colorido,peixe laranja com bolinhas cinzas que quando fisgados tocam música indiana.
Há coisas a serem ditas.Um velho na calçada de sua casa,sentado numa cadeira branca,de plástico,no chão seu mais novo neto empurra um carrinho enquanto sua neta segura uma boneca careca,suja de canete bic azul,e quem vê acredita na sua felicidade.O jovem dentro do velho ainda pensa na cigana.
Fazia 35 anos,e não a esquecera.Apaixonado entrou no corpo dela com energia e doçura,com o melhor cansaço do mundo dormiram.Ele acordou.Ela viajou.Assim o velho lembra ;Mas quero mesmo falar da conversa de uma havaina rosa e o cigarro.Discutiam suas úteis vidas.Há sim diálogos.
O silencio é tão útil pra quem tem o que fazer,no silencio lemos lábios,pernas língua,gosto,suor...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

_Merda.Por que isso não para de pingar?. E apertava a torneira enquanto mordia o lábio inferior,pés descalços,cueca branca,corpo cabeludo todo em febre,mas a torneira,atorneira não parava de pingar.
Era sábado e como de costume,ela estava em sua cama.Impaciente,coçava a nuca esperando novamente que,com tanta demora,o tesão não acabasse.
Ele desistiu da torneira e à porta do quarto a olhava:Nua,pálida,boca vermelha e o olhar faminto nele.Pensava sacanagens infindáveis.
Tira a cueca branca joga sobre o computador velho,agora em cima dela não pensa.
Cansados e cúmplices se olham,se tocam.Ele ama quando ela usa essa maquiagem carregada;olhos realçados com lápis preto e batom vermelho vibrante e o olhar de puta que o incendeia.
Ela adora e insiste para que ele use cueca branca.Morde seu queixo,sente sua barba,morde sua coxa,olha seu cílio,curva do queixo,são olhos de menino.
Ele detesta Pablo Neruda.O livro está em cima do criado mudo,ele folheia o livro com intimidade,página 42,lê.
Ela de olhos fechados não pensa,sente as palavrase respira sua poesia preferida.
A torneira continuava pingando mas não ouviam.
Computador velho,um criado mudo,a cama,um livro.Na sala-cozinha;a torneira quebrada.No banheiro,pendurada atrás da porta,calça jeans,camiseta polo verde,calcinha preta,saia longa bege,blusa de manga comprida preta.e no chão um all star preto com meias brancas dentro,sandálias pretas.
O relógio de João precisa 17:00h.Trnsam novamente e se despedem,ele vai pra sua casa e sua família do outro lado da cidade.Ela fica,toma banho se veste e sai,vai ao mercado.Toma o metrô ,em casa prepara a comida,vê a novela e espera seu marido chegar.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Jeans escuro,camiseta branca,chinelos de couro,e as pernas,Deus que pernas,.Assim Marina lembrava de Eduardo,amor de verão e agora lembrança de inverno.

Seu marido Claúdio,paulistano-leonino-advogado-ocupado viajou para Portugal e Marina foi pra Sergipe e lá colecionou mais um amor de verão.

Marina vive um casamento feliz,na sexta pizza e filme, no sábado bar e motel e no domingo café com croassant na cafeteria da esquina ou uísque com sexo na sala de estar.Durante a semana ela dá aulas de mandarim e às quartas à noite aprende guitarra com uma amiga,Ana Beatriz,que tem banda de reggae e toma chá de maconha para aliviar as cólicas.Amigas desde a faculdade às vezes dormem juntas,quando o Cláudio demora no escritório e Marina se irrita,Ana Beatriz sempre tem chá e boa música.

Marina usa esmalte escuro,roupas sérias,cabelo curto e maquiagem leve.Adora cinema americano,música pop e revistas de fofoca.Toma chá gelado light com pão de queijo e quando T.P.êmica capuccino com chantily e barra de chocolate amargo.

No último sábado Marina bebemorou seu aniversário numa balada eletrônica.logo pela manhã sua mãe lhe deu pacotes turísticos destino pernambuco,já prevendo a opção de Marina pela região nordeste.

O Claúdio estava em B.H. desde a sexta e só no domingo retornaria.

Marina se perfumou,se pintou e caiu na noite.Muita tequila depois acordou no banco de trás do fusca de Ana Beatriz que gritava pra que ele se levantasse.Com a ajuda da amiga chegou ao seu apartamento,caiu na cama.

No domingo o sol,o cheiro do café,a música do Cartola e os beijos de Claúdio acordaram Marina. Cabelo desgrenhado,salto alto,casaco.Claúdio sorriu e foi despindo sua mulher,tomaram banho juntos.Se amaram e assistiram "Cidade dos Anjos".

Na segunda Marina foi ao médico,entrou no posto de saúde.30 minutos depois saiu e o mundo estava diferente,o mundo era os olhos de Marina.

Fez lasanha pra seu marido,colocou flores na sala e disse da gravidez.Cancelou a aula de guitarra.Assinou "Pais e filhos" e ligou pra agência de viagens mudando o destino.