terça-feira, 28 de setembro de 2010

Natasha era assim...

Acordou sem saber onde e com quem, nada diferente da última semana, mês. Ano todo assim. Amava todos os meninos que lhe dissessem sim.
Seu corpo em êxtase.Sexo era mais do que importante para a moça, era a única coisa que lhe ligava a outra pessoa. Isso pode soar triste, mas não era .Havia uma felicidade primata em abrir as pernas sem pensar muito, era uma felicidade fácil e diminuia sua tensão diante do mundo.
Domingo, frio.Depois de quatro massos de cigarro e muita café expresso na padaria da esquina Natasha chora, volta pra casa.
Ri da sua angústia, lágrimas e cigarros e a noite chega. A moça sofre ainda. Não entende porque não segue em frente.
Não é simples ter um buraco no peito. O corpo segue feliz em tensão,contração,tesão. E a moça só precisa de um domingo frio pra perceber a solidão. Haja cigarro, haja cama, haja corpo pra que se revolte a alma em busca , Se o desespero de Natasha cessasse ,o soluço aos poucos parava e percebia que já tem o que de fato talvez nem mereça.
Olhos ternos,lindos, contemplativos fitam a moça. É uma cena bonita: olhar morno de afeto, mãos seguras, fortes , uma vontade de eternidade tudo flui do olhar dele, ela é só tesão e pressa, nem percebe. Transam, transam e transam. Se despedem, ela com pressa, ele com pesar. Trocam telefones, ele feliz, ela descrente.
No ônibus, de volta pra sua casa, ela se arrepende."Fiz novamente, quando vou dar meu telefone certo?!tentar" pensa.
A vida às vezes assusta tanto que o refúgio é uma dor já conhecida, chorada.
O medo evita a dor, mas penso que na maioria das vezes evita uma alegria possível.
Hoje Natasha continua abrindo as pernas sem pensar muito, frequenta uma psicóloga e acredita estar apaixonada por ela . A psicóloga, hétero,casada e mãe, ignora esse fato.
Natasha criou mais uma ilusão para chorar em domigos frios e novamente:Haja cigarro, haja cama, haja corpo pra que se revolte a alma em busca.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A estética da chuva

Difícil em dia de chuva perceber a chuva de fato. Há o transito, o calor, a fome e a angústia da espera por descanso enfim. Mas se há um istante de calma há o som da chuva, o cheiro e uma energia pra apaziguar o cansaço.
Através da janela do ônibus, parado há mais de vinte minutos no mesmo farol, vejo um rapaz que segue rápido em direção à faixa de pedestres, parece bravo, semblante fechado, uma moça corre parece segui-lo, ela segura sua mão, o faz parar, olham-se com raiva, carinho, tesão. O olhar dura poucos segundos. Beijam-se sob os pingos e raios da cidade. Imprevisível.
Catarse. O que se quer em dia de chuva? água quente, sopa. Não. Pingos gelados caindo no corpo quente exaustos da rotina fazem bem. Por isso saí do ônibus, embora antes do ponto da minha casa. A chuva em mim alegrou o fim de um dia pesado.
Um pão de mel e uma xícara de café amargo enquanto leio uma poesia, fico assim em estado comtemplativo. É bom. Minha liberdade dói em algum lugar e fico assim a comtemplar as coisas: Formigas, luar, chuva, a memória de meu travesseiro.
Tento me perceber em meus perfumes, músicas, meias e esmaltes. Chego a conclusão nenhuma mas vale o exercício da comtemplação.Cuido de mim quando consigo traçar uma coerencia entre minhas ações e reações nesse chato emaranhado social. Gosto mesmo é de ficar percebendo o gosto que tem tudo: A manga, a língua, o lábio, o álcool.
Já tive muitos sonhos e já borrei muito meu lápis preto. Hoje penso "é bobagem" no entanto todos que dizem "é bobagem" sabem que foram bobagens doloridas; Enfim, nenhum sonho é tão bom quanto a realidade que se tem, pois ela se tem ainda. As coisas são estranhamente boas, incrivelmente há gosto em tudo. Sabor de páginas, cheiro de pele despida, o mormaço nos olhos líquidos de um desejo comum.
A comunhão, há comunhão.
É assim que percebo a estética da chuva, uma sutileza óbvia mas nem sempre fácil, pois carece de comtemplação.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

"desmancho, avanço no instinto cego do seu corpo, desfaleço na minha vontade
Desperto novamente pra morrer em voce com a naturalidade dos bichos
Pré-existo em voce"

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

TODAS AS MENTIRAS DO MUNDO

Amar é o verbo mais sujo do mundo,carregado de mentiras encestrais,agora sofisticado através dos comerciais de T.V. ,que não vendem produtos vendem amor que pode ser parcelado em várias vezes no cartão ou boleto bancário.
Amar é o primeiro verbo que nos vem à cabeça quando a gente sua,a barriga gela,a perna treme,no entanto só usamos verbo porque ninguém tem o despudor de dizer:_Porra.
tô morrendo de tesão por voce.Principalmente se esse alguém pra quem voce vai verbalizar seu sentimento ou sensação é um rapaz que ouve música sertaneja,preza a família e acha que voce é virgem,ou se a moça é uma burguesa católica que vê filme americano e para a qual o verbo transar só se conjuga após o verbo sujo amar.
Por tudo isso ando pensando no abandono do verbo amar como alternativa eficiente para a melhoria das relações humanas.
Não tendo mais esse verbo mascarando nossas vontades faríamos melhor uso dos sentidos resgatando verbos como:morder,puxar,arranhar e outros bem mais depravados,no entanto precisos e urgentes e que não causam insônia em ninguém,como fazia antes aquele verbo safado o qual abandonamos.Pense na improvável cena de alguém à noite pensando em voz alta:
_Me morder,Ah ele disse isso.Ou então.
_Meu Deus ela quer me arranhar.
Improvável,praticamente impossível já o verbo sujo sim,insônia,dor de barriga,e nos tempos ultraromanticos até suicídio.Quantas vidas perdidas por privilegiar a idéia e abandonar os sentidos.
Hoje decreto o abandono oficial do verbo AMAR.Sugiro que com os sentidos abertos,atentos e espertos para as energias e insinuações e provocações que o outro cause possanos então criar verbos que alcancem o novo,o intocado que espera.Mas isso só será feito se de fato houver o feto da interseção entre seus sentidos e o que está além,isto é,é quando o que voce sentir não encontrar um verbo que se conjugue fisicamente,então voce será tentado,sua boca irá salivar o gosto velho do verbo abandonado,voce vai sentir um cheiro de amora e coincidentemente vai escutar Marisa Monte que toca num celular qualquer de alguém que passa na rua.
É preciso força e mais memória.Engula esse verbo velho,ele nasceu sujo,esse burguês infeliz,suicida e angustiado que virou senha pra fazer sexo sem culpa.Resgate o espírito anárquico que há em voce,esse verbo é símbolo de consenso,bom senso,ideologia,publicidade barata para vender perfumes,bombons e flores.Seja forte,ficará pálido,buchechas vermelhas,é duro passar por isso,voce esquece os outros verbos e só saliva gosto amargo de verbo velho,então seu lado anárquicosubversivo vai te dominando,voce engole o verbo burguês e continua com os sentidos espertos e escapa de martírios eternos e então parabéns à voce e viva às novas medidas gramaticais,amém.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

T.P.êmica(porque é involuntário)10/2008há data,a data
Eu joguei fora aqueles cartões bregas com que voce me presenteava em datas tão previsíveis quanto voce.
Eu não fico mais com triste e com tesão quando sinto o cheiro de capim limão na fila do terminal,e não penso em vc quando vejo alguém tomar chá mate gelado,nem quando as pessoas mascam jujubas no cinema,POIS AS PESSOAS COMEM PIPOCA.
.Esqueci completamente seu jeito violento de me amar,me morder.
O Almodóvar não é seu e eu continuo acompanhando seus lançamentos e agora é bem melhor que antes,pois eu vejo o filme inteiro e atento até para trilha sonora e a fotografia,coisa antes impossível com a sua mão dentro da minha blusa e sua boca na minha orelha.Suas música pop não faz mais sentido e não cabe mais,hoje prefiro ANDRÉIA DIAS me dizendo de libido e diazepam.Fico pensando na poderosa magia que me fez assistir,"Jogos Mortais",falar de dinheiro e ver BBB no Horário do "Café Filosófico".Ver filme de exorcismo,isso o ápice.
Aprendi a fazer pudim e decorei poesias,nadei contra corrente.
Agora com o coração leve e limpo tenho muita vontade e espero que a magia aconteça,pois estou tão individualista que ando fazendo tudo que quero:invento amantes,paixões,estórias,aprendo receitas,truques,conheço uma pessoa por dia,um amante por mês,um país em cada um,eu: hesito,exilo,exílio.Como se a vida fosse.
Minha caixa de livros me apontou Nietzsche como conselheiro.Queria um superhomem para parir filhos seus,cobrir a terra de super poderes,queria dá para um poeta e cozinhar para um hippie artesão,desses que fazem pulseirinha na Praça da República e assistem todo dia aquele mosaico de gente que circula pelo centro velho.
Andei pensando em pintar o cabelo de ruívo,tatuar uma flor de lótus nas costas e usar saia e meia três quartos sem calcinha no cinema do bairro.
Corto pimentões,tomates e cebolas e choro enquanto a faca corta meu indicador,só depois de alguns soluços percebo que me feri,olhos vermelhos,um frio do cão e já são quase 05:00h,não deveria cozinhar assim pelada.
Lavo o rosto e volto pra cama,ele me espera e a nossa janta tá quase pronta.demorei cozinhando e fumando.

Todas as mentiras do mundo parte 2

Tudo já foi escrito?.Uma idéia crescendo,há de vingar,há de nascer.Que sangre,dor é todo dia.
Criar conversas entre uma havaina rosa e um cigarro aceso com um isqueiro que caiu de um bolso furado de um coreano excitado que transava com minha vizinha maranhense.Enredar estórias,fazer tarrafa.pegar peixe,peixe colorido,peixe laranja com bolinhas cinzas que quando fisgados tocam música indiana.
Há coisas a serem ditas.Um velho na calçada de sua casa,sentado numa cadeira branca,de plástico,no chão seu mais novo neto empurra um carrinho enquanto sua neta segura uma boneca careca,suja de canete bic azul,e quem vê acredita na sua felicidade.O jovem dentro do velho ainda pensa na cigana.
Fazia 35 anos,e não a esquecera.Apaixonado entrou no corpo dela com energia e doçura,com o melhor cansaço do mundo dormiram.Ele acordou.Ela viajou.Assim o velho lembra ;Mas quero mesmo falar da conversa de uma havaina rosa e o cigarro.Discutiam suas úteis vidas.Há sim diálogos.
O silencio é tão útil pra quem tem o que fazer,no silencio lemos lábios,pernas língua,gosto,suor...