domingo, 25 de março de 2012

Os fantasmas invadiram meu domingo, eles são todos bonitos e sorridentes, já somos íntimos porque a visita é frequente, tomaram café comigo. Entre uma xícara e outra eu disse dos meus pesadelos de noite mal dormida, dos cálices que estilhaçaram-se no chão do meu inconsciente. Do meu atraso da hora da partida. O fantasma mais antigo me disse sua de Descartes e teorizou minha pergunta, um outro mais contemporâneo e talvez pragmático disse que o problema era a angústia: possibilidade. O fantasma que sentava na minha poltrona, me cravou uma peixeira no peito, era uma mulher: nua, fria e com lábios vermelhos. Sorria e me matava, eu sabia que ela não diria nada e assim me explicava melhor. Abri a janela, tomei mais uma xícara de café e ordenei que saíssem. Foram todos e me esperam na próxima angústia, a mulher deixou um cheiro de rosas e eu odeio rosas!

quinta-feira, 15 de março de 2012

Sangue, foi sobretudo com muito sangue o pagamento do último amor.

Os dentes de ouro falso também pagaram o último pedágio para sua cama, só foi para sua calma, para minha ira. Quantos copos são precisos para eu fingir embriaguês e não dizer o que penso com o tom certo para o conteúdo léxico-lixo que elas me arrancam já sem par? Só os passos e a simulação da calma que insistem em “parecer”.

Não consigo fazer laço, o som é de corda, a tensão sem partitura é antes ruído do que melodia, a tensão não vibra: quebra. O desenho não explica: se desfaz. Eu morri antes mesmo de alcançar seus braços que oscilavam em outras cinturas e traços violentos como as palavras que eu nunca soube dizer, a sensibilidade de certa forma ofendia sua precisão selvagem e até estúpida. Você já me tirava algum sangue (de barata), algum barato de prazer .

“Olha você dobrando a esquina”. Já não vejo o vulto, mas o seu perfume insiste. Quantos corpos lavam minha memória suja? Quantos goles para engrossar o sangue ? Para aplicar a hipótese?

domingo, 11 de março de 2012

Hoje me deu uma saudade de seu corpo, de seu corpo mesmo, a gente nem se amava no último ano. Li uma crônica do Rubem Braga . Ele descrevia uma mulher nua. eu lembrei de você. Por todas as coisas óbvias que nunca importamos. Eu concordei com ele sobre lembranças eternas e beleza.
Eu matei você, mas como sou sensível , preservei suas havainas perto da cama, até que gastaram. Seu cheiro nos outros me dá crise de espirros. eu continuo amando o Michel Melamed, e você certamente assisti aos piores filmes.
Me apaixonei pela professora de historiografia. Cresci, consegui um desprendimento que me afasta de possíveis enlaces porque eu abandonei o Caeiro e sou amante do Álvaro de Campos e nunca mais disse poesias para pessoas sem roupa, porque não sei quem são como também não sabia quem era você. Nunca haverá tempo para saber. Quem era você?
Éramos irresponsáveis e efêmeras . Que sorte. Passamos e com quantas pessoas nos apaixonamos?!. O espanto de ver os outros é uma violência, é uma violência, quase dói, essa multidão toda.EU NÃO QUERO. Queria seu corpo, seu colo. Seu corpo eu conhecia. Eu preciso dormir num colo que eu conheço, não nos queremos, nunca mais, foi ruim. Só uma questão de colo, sem solução eu sei. Você deveria viver às vezes.Eu não sei, sem solução, sem seu corpo também.