domingo, 22 de março de 2015

Estação.


           Os livros de literatura abandonados pela minha cama sofrem o desdém do meu humor avesso às leituras programadas e precisas, porque hoje eu quero os cabelos dela entre meus dedos, quero mais do que sua saia com cheiro de frutas doces, mais que suas presilhas abandonadas no lençol. Essa ausência que tomou o quarto todo sem espaço pra eu deitar,comer dormir faz de meus beijos pedidos exagerados de quem não quer findar o domingo sem festa.
          O corpo dela é onde eu quero morar, meu silêncio desesperado não que senão linguagem no calor da sua nuca, na quentura perfumada que as  coxas dela têm, é mais que dança quando juntas no movimento  de sins , na cadência das curvas, no deslizar da minha boca pelos seus braços pernas, é dança quando sua calcinha soando nota de sol maior encontra a pressa das minhas mãos desejosas de sua nudez, suas cores estampadas em pele e traço fazem do olhar um gozo precursor da festa que todo pedaço de pele seu encerra.
          As coisas mais bonitas que eu sei eu quero do melhor jeito que sejam também dela. Aprender o corpo dela é presente, é festa. Nos dias de calor, nos dias de frio ,nos dias de prova, nos dias de ir ao banco, nos dias de ir ao mercado, nos dias em que ela está aparece até arco-íris, mesmo que ninguém veja e pareça improvável ter cor em dia cinza, mesmo que o mundo nos roube tempo, quando ela vem o meu mundo fica todo florido.
         O tempo é uma Estação-Flor.